Uma casa no campo (alugada) e 3 dias de brindes à amizade
- Rosana Sperotto
- 25 de ago. de 2017
- 3 min de leitura

Somos fãs dos aluguéis por temporada, que podem ser de um a vários pernoites. Já tivemos experiências inesquecíveis nessa modalidade de hospedagem, por diferentes sites, mas a preferência é pelo Airbnb, pela vasta gama de opções e garantia nas locações. Estivemos na Serra e na praia, sempre por curtos períodos, mas intensos nas vivências. Todo trabalho dobrado no preparo das mochilas por incluírem o "rancho" para preparo das refeições compensa em dobro. São muitos os ganhos quando se abre mão da hotelaria convencional: liberdade, interação com a comunidade, tarefas compartilhadas (afinal, somos todos donos da casa nessa condição), economia (diárias divididas entre um grupo são mais acessíveis se comparadas aos valores de pousadas e hotéis com as mesmas características de conforto)... No último final de semana estendido, de sexta a domingo, voltamos a um espaço muito especial no interior, na Picada Verão, divisa entre Dois Irmãos e Sapiranga (RS), a cerca de 30 quilômetros de São Leopoldo. Um sítio dentro de uma natureza preservada e com uma infra-estrutura de primeira nas acomodações da casa aconchegante, de muito bom gosto e com acessibilidade garantida (tirando alguns poucos degraus na parte interna). Recepção carinhosa da proprietária com bombons e cuca, flores nos vasos e todas as instruções para facilitar nossa estada só reforçaram a ótima impressão da primeira hospedagem.

Cenários encantadores não faltaram para estacionar o trailer e brincar com as cenas. Na primeira noite, só das "meninas", acendemos a menor fogueira das nossas vidas na frente da casinha móvel e nos divertimos como crianças. Céu estrelado como só se vê longe das cidades e a orquestra dos grilos e sapos fizeram a brincadeira ainda mais real.

Pelo "portal do paraíso" de mata nativa, primeiro entramos nós: Maria Luiza, Jane, eu e minha mãe Lili. E a sexta-feira foi de espreguiçar as ideias e contemplar o entorno. E que entorno! Luxo dos luxos!





À tardinha, fomos às compras nos vizinhos produtores rurais que se preparavam para a feira de sábado no centro de Sapiranga. Na casa ao lado, na pequena empresa Embutidos Engelmann, encontramos tudo o que precisávamos para a feijoada do almoço do dia seguinte. Linguiças, costelinha defumada, copa, torresmo e até o feijão e ovos de gansa (comprei pensando na próxima Páscoa ...rs)

De brinde, o jardim de dona Sueli rendeu muitos cliques e suspiros.

E seguimos pela estradinha em busca de pão...

Logo ali, uma fartura de pães e cucas ainda quentinhos nos esperava...

e uma recepção também calorosa dos moradores, responsáveis pelas fornadas cheirosas.

O sábado amanheceu com a expectativa das visitas que logo chegariam, e a cozinha feliz preparada para a feijoada. Jane voltou para seus compromissos e, no revezamento, entraram os novos hóspedes que nos fariam companhia.

O fogão a lenha garantiu a atmosfera campeira e o caldo grosso do feijão cozido devagarinho.

E os recém-chegados, Maurício, Milton e Ana, entraram no ritmo das panelas, e a feijoada rolou até o meio da tarde.

Para a digestão, fomos brincar de fotógrafos na "ilha dos boldos", com suas flores que lembram lavanda, mas com aroma bem próprio.




O encontro teve muitos propósitos, entre eles, um especial: a comemoração dos 60 anos dos compadres Milton e eu. Pois é, chegamos à terceira idade e muitos dos trechos da caminhada compartilhamos juntos.

Soprar as velinhas com o querido dindo do meu filho iluminou o coração de alegria amorosa.

Gratidão ao universo por tamanha graça.

Depois de uma noite chuvosa, maravilhosa para dormir nas camas perfumadas, um passeio na redondeza de construções antigas e muito verde.





E mais comida boa preparada a muitas mãos: polenta (ainda com aquela farinha do Chico do Mel)!

Nem o melhor roteirista teria preparado surpresa tão espetacular para fecharmos o programa num pico de excitação e alegria. Pois não é que um bando de bugios, que ouvíramos o ronco único, quase assustador, ao longe pela manhã, resolveu desfilar ao longo do percurso das árvores que rodeiam a propriedade?! Próximos, mas ágeis, fotografamos daqui e dali e, dos tantos registros, poucos se salvaram no foco.

A família, guiada por uma fêmea com o bebê nas costas, tinha como meta encher a pança com as ameixas de uma grande árvore. Ali fizeram a festa. Mal sabem eles a festa que sua aparição foi para nós.

Festa multiplicada com outra visita rara: uma gralha azul, que pousou com pose de rainha ao alcance dos nossos olhos como presente que cai do céu.


Que venham outros roteiros, outros ninhos, outros caroneiros nesse sonho que é pegar a estrada, largar a rotina e curtir cada quilômetro e minuto compartilhados. Em qualquer lugar do planeta, a gente quer mesmo "a esperança de óculos, plantar amigos, ficar do tamanho da paz", no embalo de Casa no Campo, dos grandes Zé Rodrix e Tavito.
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