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A feira da semana e o encontro com Papai Noel pelo pé da Serra

  • Rosana Sperotto
  • 26 de set. de 2017
  • 3 min de leitura

Há anos, costumamos subir até a Picada São Paulo, logo adiante de Morro Reuter, para abastecer a despensa com os produtos fresquinhos, orgânicos, fruto do trabalho dos hoje já amigos Lauri e Bernadete Schneider e seus vizinhos. A banca instalada na frente da casa, na beira da BR-116, à esquerda de quem vai em direção à Serra, é um reduto de ingredientes de primeira: verduras e legumes colhidos no amanhecer, vários tipos de feijão, frutas, ovos caipiras, queijos, chimias, conservas, biscoitos, massas frescas ... e as flores mais lindas cultivadas por Bernadete no seu jardim de vó. Os buquês, alguns com flores antigas que não encontramos mais, são de um bom gosto que poderiam estar em matérias de decoração das melhores revistas/sites. Pegamos a Rota Romântica no domingo para o velho programa com uma novidade: apresentar o trailer aos amigos e vice-versa. Com estoque já reduzido e rodeados de clientes afoitos para garantir a feira da semana, fomos recebidos com a simpatia de sempre, como visitas. Os sorrisos multiplicaram-se quando nosso mascote "aterrissou" entre as mercadorias, com luzes acesas e a melodia de sua caixa de música. Encantados, os pequenos e sábios empreendedores pareciam crianças examinando os detalhes do trailer. Brilho nos olhos que guardam uma inocência que comove e um entusiasmo que contagia. Um privilégio tê-los como garantia de um pit stop que sempre inspira a arregaçar as mangas e fazer frutificar o melhor do nosso trabalho.

Com o rancho de insumos coloridos e cheirosos no porta-malas, começamos a voltar pela Rota que marca as estações do ano como só ela, com seus plátanos em constante mutação, belos em todas elas. Em pouco mais de um mês, os galhos desnudos do inverno ganharam suas folhas de volta, e o verde novinho enche a rota de muitos tons. Poucos quilômetros na frente, o verde-vermelho do Natal chamou a atenção como um semáforo sinalizando "pare"na porta aberta de uma casa antiga. Paramos!

E fomos recepcionados pela primeira surpresa: Papai Noel! Sim, em setembro!!! O calendário fez um zoom e custei a me re-situar no tempo. Mas, confesso, como apaixonada pelo Natal, o coração bateu com uma boa dose de adrenalina. Logo, o primeiro impacto se dissolveu na segunda surpresa, ainda dentro do carro, numa passada rápida pelo entorno. Dezenas de borboletas saltitantes faziam a maior festa nas arvorezinhas de flores de Natal (Euphorbia pulcherrima) na frente da pequena loja. - Uau!! Primeiro os colibris em bando em Rivera, agora elas, a grande maioria de uma mesma família, numa multiplicação que nunca vira. Muita sorte! - pensava, agradecia, em meio a cliques rápidos, na tentativa de guardar todas pra mim...

Negras, customizadas com pinceladas de azul claro e coral, pontilhadas de amarelo no corpo...

E o contraste com o azul iluminado do céu, que abrira perto do meio-dia, deixava as imagens ainda mais vivas...

Quem será a dona dessa atmosfera de contos de fadas? - me perguntava naquele quase transe. Isabel (Hanauer) apareceu suave, provavelmente para não interromper a mágica daqueles momentos. Contei do meu embasbacamento com sua vizinhança alada e, depois, do trailer. Juntas o estacionamos na janela da casa de muitas décadas. Os tons vintage das paredes da loja e do mascote se fundiram numa harmonia que se completou ainda mais com sua imagem delicada retratada.

Outro cenário que lembra filme da Sessão da Tarde abrigou o trailer junto ao pinheiro lindamente decorado no interior da lojinha, na extensão do prédio de um armazém/bar, recheada de mimos natalinos.

Povoado de Noéis simpáticos, bonachões, que convidam para um abraço na fantasia que ainda hoje mexe com um cantinho meu iluminado de alegria infantil.

Na despedida, o último registro com direito a uma bailarina amarela brilhando absoluta no reino do bom velhinho afobado.

Moral das curtas histórias de um curto passeio: motivos jamais faltam para pegar um rumo (novo ou batido), ainda que inimagináveis, para apostar que as boas coisas da vida não medem quilometragem, nem tempo para arejar o cotidiano. Obrigada pela companhia, queridos caroneiros do "Viajando"!



 
 
 

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São Leopoldo - 2017

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