Um pouso numa história de amor
- Rosana Sperotto
- 13 de abr. de 2017
- 3 min de leitura

Logo na chegada percebemos que aquele lugar era especial, pela vista da Cascata dos Amores. Um jardim perene de flores exóticas e nativas. Rosas, hortênsias, palmas, xaxins, musgos bordando caminhos e muradas. Uma capelinha, uma pequena gruta construída junto a uma fonte. Nada tem a ver com o padrão hoteleiro mais convencional. Tem traços ali muito próprios de quem realizou algo com muito amor. É como se alguém tivesse expandido sua casa para receber todo mundo.
Nossa intuição estava certa. A Pousada Fornasier tem uma história especial, mas não imaginávamos que era de amor, como o nome da cascata.
Antônio e Mari Fornasier namoravam no local onde hoje fica o mirante da cascata no mesmo espaço onde foi construída a pousada em Pinto Bandeira. Pesquisamos bastante para descobrir de onde vinha o nome da cascata. No final descobrimos que foram os dois que a chamaram dos Amores. Não eram apenas eles que se encantavam com a vista no final da tarde. Muitos casais têm o mesmo cenário em suas histórias.
O mirante, que hoje está em reformas, foi ideia dos dois apaixonados. Era época do filme Titanic. Eles construíram então um mirante na forma de proa para que os apaixonados fizessem fotos como Rose e Jack.
Antônio se interessava pela energia das pirâmides, e leu muito sobre elas. Na pousada elas estão disfarçadas, nada ostentando, como às vezes vemos em locais “pra inglês ver”. Sem serem aparentes, as pirâmides são capazes da mesma boa energia.
Por isto também pensou na capelinha como um lugar de meditação e recolhimento para todos que por ali passarem. Não abriga nem um santo, mas cenas da imigração italiana reverenciando as primeiras colheitas, entre elas o milho, cultura que conheceram com os povos indígenas nativos daquelas terras. Um espaço de espiritualidade sem distinção religiosa. Por isso até hoje ali são realizados casamentos sob a bênção da maior das criações divinas: a senhora Natureza, transformada em véu que abençoa os amantes.
Antônio morreu em 2013, trabalhando na manutenção da propriedade. Sonhava com uma concepção diferenciada de hospedagem. E a história quem conta é Mari, que, apesar da perda, segue firme na realização de um mesmo sonho, ao lado dos filhos gêmeos, um menino e uma menina. “Ele deixou-me estes dois anjos e me pediu pra continuar nossa missão na pousada.”
Depois de adquirir a área, começou com o vinhedo de uvas mais rústicas, como a Izabel*, com as quais produzem o vinho colonial. Em seguida as cepas das que chamamos uvas finas, Cabernet Souvignon, Merlot, Tannat e a mais jovem de todas, Ancellotta. A vinícola foi se estruturando, pois para se começar a produzir vinhos precisamos esperar quatro anos até a primeira colheita.
Na pousada pode-se passear pelos vinhedos, apreciar os vinhos, saborear no café da manhã gostosuras produzidas por Mari com auxílio de oito funcionários na vinícola e mais seis na pousada. “São pessoas em quem confio muito,que gostam de trabalhar aqui e também participam da nossa história.”
Há uma ala com acesso fácil para quem tem dificuldades de subir escadas, mas as portas ainda não são adequadas para cadeirantes. Os quartos são limpos e arejados, com ar condicionado e banheiro com chuveiros a gás. E o preço, 84 reais por pessoa, sendo cada quarto para duas pessoas. Honesto!
Vamos passear agora pela nossa vivência na Fornasier, onde estacionamos nosso trailer pela primeira vez tendo a Cascata dos Amores ao fundo, numa cena de cartão de postal. A estréia não poderia ser mais significativa, não acham?







E a volta pelos Caminhos de Pedra, com várias paradas para curtir o astral “gringo” da região, com direito à colheita de uva, nosso sonho de consumo, viva!





Restaurante Casa Ângelo




Até a próxima!!!