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Casas orgânicas, apachetas, cogumelos...

  • Maria Luiza Santos Soares/Rosana Sperotto
  • 19 de jun. de 2019
  • 4 min de leitura

Nosso trailer segue seu rumo talvez na contramão das instantaneidades, mas acreditamos que mesmo aqui é dado o direito ao tempo de cada um. Nós do trailer, Jane, Rosana e Maria Luiza, vamos priorizando nossas famílias, trabalhos, no vaivém de vidas e acabamos por fazer de nosso mascote o mais profundo refúgio para carregar nossas baterias. E foi assim que a Rosana, que adora garimpar lugares, descobriu o Sítio Cogumelos Montanhês pelo Airbnb, uma hospedagem com identidade única, nada convencional. Tem poucas acomodações, nada além de duas casinhas, a Elliot, vista aí em cima, e a Bauba, abaixo, onde nos hospedamos. São construções orgânicas facilmente identificadas como casa dos Hobbits, do Senhor dos Anéis, com tetos verdes e aberturas em arco, mas na verdade foram inspiradas nos trabalhos do arquiteto e artista plástico austríaco Friedensreich Hundertwasser, que considera a casa uma das cinco peles do ser humano.

Nosso passeio começou no início da tarde do domingo 19 de maio. Como de praxe pegamos a Rota Romântica, pois românticas somos. Sempre optamos por este caminho quando rumamos para a serra. Recém os plátanos da estrada começavam a amarelar! Eita outono pouco outono!

O destino fica no bairro Ávila, distante cerca de 4 quilômetros da entrada de Gramado.

Logo avistamos alguns troncos dispostos como delimitadores da propriedade. Assim que entramos as apachetas espalhadas pelo terreno de verdes brilharam aos nossos olhos. Inúmeras pedras amontoadas verticalmente e em grupos que uma amiga da proprietária, Dulce, apelidou de guardiões do espaço.

Ela nos esperava com a chave e as instruções de uso da casa e a gentileza de quem tem alma anfitriã. No frigobar, cogumelos fresquinhos para o jantar nos davam boas-vindas à cozinha que tanto gostamos. Dulce se queda junto a nós trocando a energia daqueles que se entendem bem por estarem na mesma sintonia. Ela, artista plástica, hoje se dedica, e já são trinta anos, ao cultivo dessa proteína maravilhosa que é o cogumelo. Seu marido, Marcos, há pouco abandonou a psicologia para se dedicar também à produção dos shimejis, além das construções orgânicas, com destaque à marcenaria, paixão antiga, e ao jardim. À noite, fizemos um macarrão ao funghi e ensaiamos passos de tango com a Lili, nossa caroneira mor de 87 aninhos, que foi grande pé de valsa.

Na primeira manhã, a surpresa ficou por conta da presença dos curicacas, que vieram cantar Parabéns para Rosana, aniversariante do dia (rs). Conhecia essa ave através do Projeto Curicaca, mas só por fotografias. Ali no sítio estavam em grupo, catando insetos no gramado.

Entre tantos pássaros, e as tentativas de fotografá-los, outra visita ilustre: os queridos picapaus.

Logo em seguida o trabalho de uma retroescavadeira chamou a atenção. Lá estava Marcos com seu cajado dando instruções ao tratorista sobre a colocação de grandes pedras ao longo de um riacho. “Estamos fazendo um jardim japonês” contou entusiasmado. Por toda a extensão do sítio, passeamos entre plátanos a acers, árvores de cores que variam do amarelo ao vermelho no outono.

Aqui e ali, os grupos de apachetas nos acolheram como entes da natureza dispostos ali por alguém que passou horas escolhendo cada pedra que pudesse ser equilibrada.

O tempo chuvoso não nos impediu de aproveitar a paisagem entre uma pausa e outra de bordados e tricôs. Dulce nos trouxe revistas especializadas em bordados e cada vez mais nos sentimos em casa pelo acolhimento.

E foi tanto, que depois de visitarmos a farta produção de cogumelos e também das flores comestíveis, Dulce e Marcos nos brindaram com mais um dia de hospedagem.

Gratidão à família Rossato por tanto que nos proporcionaram. A vivência desses três dias fez com que Gramado voltasse à lista dos destinos que nos encantam. Longe do glamour e da agitação (pouco circulamos pelo centro), imersas numa atmosfera de muito do que nos alimenta.

Pra saber mais

Esses montinhos de pedra estão presentes no deserto de Atacama há séculos, cultura dos caminhantes. As apachetas construídas pelos povos andinos têm diferentes funções além de demarcarem os caminhos. São locais sagrados de descanso para outros viajantes do deserto. Antigamente deixavam oferendas para seus ancestrais pedindo boa sorte no caminho, proteção e uma boa colheita. Os atacamenhos mantiveram a tradição e os montinhos de pedras podem ser vistos por todo o deserto. Essa tradição também se encontra entre os budistas que formam uma apacheta que apresenta os sete seixos da vida. Antigos caminhos do velho mundo também estão repletos dos montes de pedra equilibrados verticalmente. Muita gente gosta de meditar empilhando as pedras, afinal é preciso paciência para encontrar o ponto de equilíbrio de cada pedra.


Sobre as casas

Fotos com licença poética da nossa bagunça (rs)

Cinematográficas em todos os detalhes, a maioria com toques do feito a mão. Pequenas mas com espaço muito bem aproveitado e com aquele bom gosto que confere aos ambientes aconchego sem esquecer da funcionalidade. A Bauba tem acomodação para 3 a 4 pessoas em um quarto confortável, com excelente cama, e sofá-cama na sala, ambos com roupas de cama "de hotel", perfumadas. Cozinha equipada com cooktop, frigobar, cafeteira, chaleira elétrica, torradeira e ótimos utensílios, e também itens básicos como açúcar, sal, café, óleo, temperos... Banheiro espaçoso com chuveiro a gás, assim como a água das torneiras. A casa não tem televisão dentro da proposta de que os hóspedes curtam outros entretenimentos, como observar o céu estrelado (na área externa a iluminação é baixa justamente para não prejudicar esse espetáculo), ouçam música (oferece caixa de som), leiam (bons livros estão à disposição na sala), conversem... Na chegada, muitos mimos aguardam as visitas, como biscoitos, chocolates e os cogumelos fresquinhos. Possui ar condicionado, mantas, cadeiras extras para o jardinzinho da frente. A diária fica em torno de R$300,00 para 3 pessoas, incluindo as taxas do Airbnb. As reservas devem ser feitas com certa antecedência, já que a procura é grande.



 
 
 

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São Leopoldo - 2017

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