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Cruzamos a fronteira e chegamos no Uruguai!

  • Rosana Sperotto
  • 20 de set. de 2017
  • 4 min de leitura

Com a proposta de um pé lá, outro cá, pegamos a estrada rumo à fronteira com o Uruguai no amanhecer do domingo do feriadão de 7 de Setembro para percorrer os mais de 500 quilômetros num trajeto que desconhecia. Filho na direção, nora de "navegadora", marido e eu na carona mais o trailer prontinho para sua primeira incursão fora do território nacional. O caminho foi de belas surpresas. Dois terços dele coloridos pelo amarelo-sol dos ipês em plena florada, em alguns trechos formavam maciços de desnortear o olhar do motorista e arrancar um coro de "que lindo!!"

Terra de horizontes gigantes e mil tons de verdes, o pampa convida a descansar os estímulos. Quilômetros de coxilhas e gado, nem um outdoor e uma sensação de pertencimento a essa atmosfera campeira, gaúcha, toma conta enquanto a distância vai diminuindo numa cadência gostosa.

Mais gostosa ainda na parada para o almoço, em São Gabriel, no Posto Batovi, que serve uma à la minuta de primeira, com batatas "de verdade" e suculentos filés. Preço tão razoável que a tentação de pedir bis ronda, mas mantivemos a linha (rs).

Chegamos a Santana do Livramento com chuva fina, céu emburrado, um convite a não ter a melhor impressão do lugar. A cidade antiga, com pouco movimento e prédios malconservados, realmente não conquistou à primeira vista. E onde fica a linha divisória entre os dois países? – me perguntava entre as ruas intercaladas. Finalmente chegamos à praça, e a geografia se esclareceu, bem como a escolha do estacionamento do trailer, assim que o sol brilhasse. Ajeitamos as poucas mochilas no hotel, o Frontier, no centro de Rivera junto à área comercial, uma ótima opção para a curta estada. Novo, com acomodações amplas, roupa de cama e banho de excelente qualidade, bem decorado no contexto de hotel executivo, um bom café da manhã e diárias bastante razoáveis se comparadas a outros estabelecimentos, em torno de R$180,00/casal (reservamos pelo Booking).

Muito do comércio fechado no domingo, fomos às especulações de compras no Free Shop Siñeriz. Decepção com os preços (dólar em torno de R$ 3,25) e a confirmação de que o que sempre vale a pena é investir nos vinhos. Seguimos para o Shopping Melancia, com estrutura padrão de qualquer shopping e preços também altos, outro espaço grande que complica a vida dos bengaleiros, e sem a opção de carrinhos motorizados. Poupei as pernas para o dia seguinte, mas antes um registro no painel que fez a visita valer a pena.

Antes do jantar, uma passada na atração da noite: o cassino. Debutamos na casa de jogos como peixes fora d'água e em menos de uma hora e alguns poucos pesos perdidos, estávamos satisfeitos com a experiência distante do mundo que nos apaixona e loucos para zarpar.

A única isca que fez meu olho brilhar foi a mesinha de carteado em miniatura, escala perfeita para o trailer, mas sabe-se lá o que representam 1.700 puntos para alcançá-la (rs).

O jantar deixou muito a desejar, não valeu nem registros. Uma parrilla com carnes fora do ponto pedido e com preço bastante salgado pela refeição oferecida. Engolimos a frustração, que só quem gosta muito de comer bem pode entender, e fomos descansar para a maratona da segunda-feira.

Acordamos com sol lindo e vento gelado. E lá fomos nós explorar o comércio que atrai gente de tantas lonjuras atrás de barbadas. As duas cidades ganharam outra cara com o tempo bonito. E um perfume doce nas ruas mexeu com a memória. Logo descobri muitos cinamomos bem floridos nas calçadas, praças, jardins... e pela estrada também. Tão raros hoje nos centros urbanos, reencontrei a paixão pela árvore do quintal da infância.

Se gostamos de comer, amamos comprar.... comida!! Na mira, os famosos doces de leite, queijos, alfajores e mais a gama de coisinhas diferentes importadas.

Assessorada pelo filho chef de cozinha e dono de restaurante, as escolhas foram facilitadas no universo das tentações, tanto em valor como em qualidade. E veio um pouco de vários produtos regionais, de guloseimas de outras culturas, vinhos (lembrando que a cota é de 16 garrafas/pessoa dentro do limite de 300 dólares/pessoa), adquiridos no Free Shop Barão, nas tantas queijarias e no lugar mais especial do roteiro gastronômico: La Família Café. Um ambiente "caliente" de originalidade, recheado de produtos típicos da culinária uruguaia, como a deliciosa empanada...

doces com massas tenras e recheios saborosos...

massas frescas, como talharim e sorrentinos, que não resistimos e trouxemos uma prova para preparar em casa (receita no próximo post).

Além dos comes, compramos alguns artigos de casa/cozinha com preços ótimos no Shopping China Free Shop e Tiendas Montevideo, ambos no miolo da cidade. Compras feitas, hora de curtir a Praça Fronteira da Paz, marco divisório dos dois países, e registrar nosso território passeando com o trailer agora internacional (rs). O obelisco centraliza o espaço e as bandeiras, colocadas cada uma na área de seu país, caracterizam a única praça de duas nacionalidades no mundo.

Mais adiante, um tapete verde/amarelo que só poderia estar no lado brasileiro convidou para outra paradinha.

E as cores do Brasil não poderiam ser mais vibrantes complementadas pelo anil do céu...

e uma revoada de beija-flores se fartando nas flores do ipê majestoso. Em êxtase, por minutos quis morar na divisa para apreciar o espetáculo divino todo santo dia...

Mas já era hora de pegar o rumo da volta, começar a nos despedirmos da curta e intensa estada no chão do consumo, mas também de outros atrativos, como tão bem nos mostraram aquelas dezenas de colibris felizes, nem aí para o vaivém dos turistas agitados com suas tantas sacolas.

Um bate-volta, com direito a rápido pouso, faz o coração alegre bater em ritmo de gratidão à parceria do filho e nora, novos caroneiros no projeto "Viajando com nosso trailer", pelo convite amoroso para a aventura compartilhada com esses sessentões apaixonados pela estrada. Gracias pela energia leve da juventude que encurta distâncias e aproxima sonhos da realidade.


 
 
 

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São Leopoldo - 2017

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