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Férias praianas na zona rural de Garopaba

  • Rosana Sperotto
  • 14 de fev. de 2018
  • 5 min de leitura

Ah! As férias... Dezenas de roteiros a explorar, mas a memória aponta quase sempre para os velhos e apaixonantes lugares onde fomos felizes um dia ou em várias oportunidades. Assim é Garopaba para milhares de turistas de tantas regiões do Brasil e Argentina, e, especialmente, para nós, leopoldenses, que tivemos a honra de sermos representados por desbravadores que descobriram a cidade e lá fincaram seus sonhos de verões na década de 1960. E lá fomos nós mais uma vez para Garopa para uma temporada de 10 dias, dessa vez com nosso trailer de brinquedo, diferente dos anos do passado em que acampávamos de barraca na beira da praia, no Camping Lagoa e Mar. Na melhor companhia da comadre Maria Luiza, aventureira sem igual, da mãe e do marido, os quatro mosqueteiros enfrentaram desafios com um humor que, modéstia à parte, é de se orgulhar. Como bem sintetizou a comadre, somos coroas porretas! (rsrs) Se as dificuldades acinzentaram a pausa longe da rotina? Não! Curtimos muito o que os dias nos apresentaram e tiramos de letra as complicações. Perambulamos com nosso mascote, faceiras e orgulhosas dos olhares curiosos e encantados. Estacionamos em lugares inusitados, como no barco das imagens, em uma manhã de tempo fechado, quando buscávamos o peixe para o almoço nas bancas que reúnem a pesca da noite, uma festa diária também para as aves que dão um show.

Alugamos a casa para o QG do trailer pela OLX, primeira experiência de locação nesse site. Cientes da distância longa do mar, nos surpreendemos positivamente ao descobrir a vida rural da Garopaba distante 4 quilômetros do Centro, no bairro Ambrósio. Vastas pastagens para o gado, cabritos, carros de boi "medievais" circulando num vaivém sonoro, figueiras gigantes e uma calmaria na contramão do agito do miolo da praia. Uma comunidade que pudemos conhecer pelas gentilezas que nos "quebraram vários galhos". Vizinhos que indicaram onde comprar uma boa galinha caipira e providenciaram até os panelões do Clube Vera Cruz de Futebol para prepararmos o jantar com uma turma querida. Outro que conseguiu a lenha para o fogão campeiro. Até convites para o bailão do domingo não faltaram (rs). Enfim, por alguns dias fomos ambrosianos, e a experiência guardamos com carinho na mochila das lembranças que ficam na história.

A casa, incrustada no morro de mata nativa, nos conquistou à distância justamente por essa proximidade com a natureza. Somos do mato. Amamos o contato direto com paisagens verdes. Nisso, cumpriu com a promessa de muita observação e exploração das árvores, folhagens, flores, passarinhos (vimos até picapaus de uma espécie miúda, lindinhos). Também o barulhinho bom da água da fonte canalizada para o lago embalando noites e dias. Mas, desde o início da negociação, sabíamos da dificuldade grande do acesso. Vamos relembrar aqui que duas integrantes da trupe do trailer têm mobilidade reduzida. Minha mãe, 86 anos e com sequelas de AVC, e eu, com sequelas de pólio, bengaleira por toda vida. Os proprietários, assim que souberam dessa condição, se prontificaram a colocar um corrimão. Abençoado corrimão. Sem ele, o sobe e desce seria impraticável. Mas mesmo com esse recurso foi desgastante conviver com o perigo da escadaria, tanto para nós quanto para nossos braços amigos, e reduziu as saídas.

Se lá fora as novidades da natureza nos enchiam os olhos...

... as condições da casa deixaram muito a desejar, não pela simplicidade, mas pela falta de manutenção e limpeza. Faxinamos, colocamos colchões no sol, inseticida para a invasão de insetos, aromatizantes para espantar o desagradável cheiro de mofo ... enfim, dedicamos um bom tempo para nos sentirmos um pouco mais confortáveis. Em contrapartida, o casal proprietário foi gentil e prestativo, e somos gratos por isso. Confirmamos o que já sabíamos pela experiência: locação mais segura é pelo Airbnb. Não vale arriscar, mesmo quando os valores são tentadores.

Mas vamos deixar esse capítulo para trás e conferir nossas andanças?

No Siriú, praia vizinha de Garopaba, distante cerca de 9 quilômetros, "acampamos" entre a vegetação das suas areias famosas. Dia lindão, mar azul, pouca gente na praia, almoço com essa vista e paradas na ida e na volta para apreciar as dunas gigantes, consideradas entre as 10 maiores do Brasil, onde o pessoal se diverte praticando sandboard, ou esqui bunda. A surpresa bacana ficou com boa parte da estrada asfaltada, inclusive com ciclovia, o que facilita muito o passeio quando se lembra das condições de anos atrás.

Em outro dia lindo, depois dos primeiros abaixo de chuva, assumimos os farofeiros e passamos a quarta-feira na beirinha do mar curtindo o astral praiano, com destaque para a comilança que se exibe o tempo todo pelos vendedores ambulantes.

Quem não pode entrar no mar se diverte fotografando...

fazendo umas criancices... (fica a sugestão à Prefeitura de colocação de cadeira para banho de mar para pessoas portadoras de deficiência, como temos em praias gaúchas)

... ou dançando (rs), Gratidão a todos que dedicaram tanto carinho à Lili.

A folia estava tão boa que abandonamos o trailer e por pouco ele não toma um banho de mar histórico (rs).

Mas as cenas mais lindas estavam por vir. No camping onde passamos temporadas incríveis com o filho adolescente e amigos especiais, fomos recepcionadas pelas sobrinhas com suas famílias. Logo entramos todos na fantasia do pequeno mundo e, em mutirão, a montagem do acampamento criou vida como em uma animação cinematográfica. Depois de escolhido o local, aos pés de um eucalipto, posicionamos o "lindinho", e Fabrício tratou de providenciar até um toldo. Afinal, em terras de chuvas quase diárias, é preciso proteção dobrada. (rs) A tarde caía, acendemos as luminárias e o cenário brilhou atraindo as pequenas...

e suas bonecas tomaram conta do trailer...

com direito a chimarrão, para encantamento das sobrinhas-netas

e das vizinhas.

Véspera da partida teve uma pegada religiosa. À tarde, a tradicional procissão de Nossa Senhora dos Navegantes...

O trailer voltou a fazer sucesso com a criançada. Isadora passeava com a mãe, avistou algo diferente e foi difícil convencê-la a parar de brincar de casinha.

À noite, na segunda tentativa de levar o trailer ao cartão postal da cidade, encontramos o plano B perfeito para o sonho recorrente: uma pequena escada ao lado da extensa escadaria principal da Igreja São Joaquim. Uma experiência com tantos significados...

Promessa não é dívida, é o crédito que damos ao que almejamos - me dizia a atmosfera leve e alegre daquele momento - e buscar caminhos é comungar com Deus.

No efeito mágico de sombra e luz, o registro da maior conquista desses dias longe de casa: a harmonia que reinou redondinha entre nós para driblar os perrengues e a minha reverência à paciência e boa-vontade do marido e comadre.

Sim, somos coroas porretas! - em coro, companheiros!! (rs)

Nos próximos posts, a Casa do Padre, um lugar lindo ao lado da Igreja, nosso passeio ao Gravatal e cenas dos bastidores dessa imersão no que batizamos de "turismo solidário" (rs).

 
 
 

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